terça-feira, 16 de abril de 2019

Eram os Jesuítas de Santa Cruz "homens à frente do seu tempo"?



Eram os Jesuítas de Santa Cruz "homens à frente do seu tempo"?

Não. Apesar de certa historiografia ter evidenciado com justiça a grande capacidade produtiva jesuítica na América, inclusive em Santa Cruz, fica evidente pela análise documental a adequação dessa produção às necessidades e possibilidades de seu tempo.

Dentre os diversos aspectos que podem ser verificados na administração desses religiosos à frente da Fazenda de Santa Cruz, não foram visualizados avanços técnicos e tecnológicos diferentes daqueles da época.

Principalmente, é notoria a solução tradicional para o problema crônico de escassez de mão-de-obra da Colônia, qual seja, um sofisticado sistema de escravização pura e simples do negro africano que envolvia coerção e negociação, sendo inclusive usado como modelo por administrações posteriores, e a utilização da mão-de-obra indígena, dentre outras formas de trabalho compulsório, elementos totalmentes coerentes com a lógica do Antigo Regime português nestas terras.

Assim, os jesuítas de Santa Cruz, em nossa interpretação, eram "homens de seu tempo"; não, como querem alguns, mais abertos às novidades técnicas. Na verdade, pensamos melhor vê-los como abertos à realidade e às possibilidades produtivas dela.


Fonte: Cf. MENESES, J. N. C. Se perpetue a Companhia nessas partes: materialidade da Fazenda de Santa Cruz no tempo da expulsão dos jesuítas. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, p. 93, editado.

Legenda da Imagem: Vista Lateral da Ponte dos Jesuítas. Disponível em

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