domingo, 21 de abril de 2019

Funcionamento e bens da Fazenda dos Jesuítas



Para a época em que os jesuítas, ocuparam sua fazenda, tudo ainda era muito difícil, é preciso que se entenda. Pois quase tudo que se usava, vinha da Europa de encomenda.

Pelo que os jesuítas conseguiram, Em sua fazenda desenvolver, Revela a grande capacidade, Que eles tinham em resolver, Os seus problemas básicos, Para garantir um farto viver.

A Fazenda dos Jesuítas, Era um complexo agrícola-industrial, Ali eles faziam de tudo, Era um movimento colossal, Da Olaria ao Estaleiro, Do plantio a criação do animal.

Vamos neste livreto descrever, Fatos na verdade reais, Ocorridos no ano de 1742, E que estão nos anais, Um inventário então feito, Ainda em épocas coloniais.

Em 1658 as pequenas povoações, Que na Fazenda iam surgindo, Eram chamadas de Currais, E iam então evoluindo, Pagando um foro anual, Coisa que todos iam assumindo.

Nessa época na Fazenda, Existiam 18 Currais, Além do Curral dos Índios, Todos com vida normais, Alguns ainda hoje tem, Os nomes originais.

Curral Falso, Todos os Santos, São João, São Luiz, São Barnabé, Cruz, Casa, São Marcos, São Paulo, São Boaventura, , São Francisco, São José, São Estevam, São Inácio, São Pedro, Nossa Senhora, os Currais tinham muita fé.

O foro anual por Curral, Para o dos Índios 3 Galinhas, Para os demais eram quatro, Contanto que fossem gordinhas, Só depois passou a Seis aves, Isso após muitas ladainhas.

Esse foro era uma compensação, Por lavrarem em terras da Fazenda, Pela criação do gado, Por usarem lenha e moenda, Era uma insignificância, Para quem já tinha alguma renda.

Depois o foro foi mudado, para quatro dobras anuais, A dobra era uma moeda portuguesa, Ainda dos tempos coloniais, Que passou a substituir as Galinhas, Nos pagamentos normais.

Em 1742, a Fazenda de Santa Cruz, Fez um inventário geral, De todos os seus bens, De forma muito real, Que hoje nos dá ideia clara, Do seu grande potencial.

No balanço de animais encontrava-se, 1658 cabeças de bovinos, 1140 cabeças ao todo, Era a quantidade de equinos, Apenas duzentas cabeças, Era a quantidade de ovinos.

Existiam 700 servos, Para os serviços gerais, Todos tinham tarefas, Algumas até especiais, Primavam pela organização, Embora com métodos feudais.

Alguns eram responsáveis, Pelo pastoreio dos animais, Outros amansadores de burros, Para valorização comercial, Outros nas oficinas da Fazenda, Para os trabalhos especiais.

O Jesuíta estudava com cuidado, De cada servo sua vocação, Para fazer o aproveitamento, Com bastante planificação, Para tirar de cada um, O máximo de produção.

As mulheres com seu trabalho, É que garantiam a fartura, Lidavam apenas com a terra, Desenvolvendo a agricultura, Na Fazenda colhia-se de tudo, De forma muito segura.

A Fazenda de Santa Cruz, Era uma perfeita povoação, Pois alí, havia de tudo, Dando a todos satisfação, Era uma vida civilizada, Obedecendo boa planificação.

Para a época era a Fazenda, Um estabelecimento moderno, Complexo Agrícola Industrial, Com grande movimento interno, Enfrentando as estações do ano, Da Primavera ao inverno.

Tinha uma Bela Igreja, Grande residência sobradada, Hospedaria e um Hospital, Uma escola para a gurizada, Também para catequese, Com educação bem formada.

Na Fazenda tinha Cadeia, Para a pessoa abusada, Tinha várias oficinas, Também a de prata lavrada, Ferraria e Tecelagem, E Carpintaria bem montada.

Tinha também uma Olaria, Assim como a casa de Cal, Também a casa de Farinha, Uma coisa primordial, Casa da descasca de Arroz, Tudo com base comercial.

Existia a casa do Cortume, A Engenhoca de Aguardente, A usina de Açúcar em construção, Com maquinário já assente, E um indispensável estaleiro, Com um trabalho inteligente.

No Estaleiro se fabricava, Canoas para navegação, Também grandes Sumaças, Feitas alí com precisão, Todas servindo a Fazenda, No transporte da produção.

Existiam Roças de Mandioca, De milho, também de Feijão, Plantava-se muita verdura, Muito Arroz, Cana e Algodão, Alí encontrava-se de tudo, Era bem variada a plantação.

A Igreja tinha três Altares, Ela e a Sacristia eram azulejadas, A Pia Batismal de Pedra do Reino, Obras muito bem acabadas, Na Sacristia uma linda Arca, Com muitas coisas guardadas.

A Arca tinha 42 Gavetas, Era uma peça indispensável, Guardavam nelas os Ornamentos, De toda vida sociável, Paramentos, Toalhas etc, Era uma peça notável.

A Igreja era Completa, Com Retábulo e Painéis, Imagens, e lindo Presépio, Livros e muitos papéis, Nada de ouro, só muita Prata, E muita devoção dos fiéis.

O Hospital que existia, Para atender a servidão, Era de paredes de tijolos, Com uma vasta repartição, Com cobertura de telhas, A pintura era de caiação.

Para os Padres existia, Uma enfermaria privativa, Para qualquer necessidade, Numa doença relativa, Onde o enfermo permanecia, Durante a fase corretiva.

Fora dessa enfermaria, Havia duas salas separadas, Uma para cada sexo, Onde os enfermos eram tratados, Anexo havia pavilhões, Para epidemias mais ousadas.

Tinham alí uma Biblioteca, Com livros especiais, Sobre Medicina e Cirurgia, Para a época muito atuais, Nos quais eles se apoiavam, Para emergências normais.

A Festa titular da Igreja, Assim como do lugar, Era a Exaltação da Santa Cruz, Festa de fato bem popular, A todo 14 de Setembro, Ela tinha que se realizar.

Para finalizar a festa, Era feita linda procissão, Com todas as Confrarias, Que disso faziam questão, Com o Hino, Te-Deu Landa-mus, Encerrava-se a programação.

Os Jesuítas em sua modéstia, E pelo princípio de economia, Em 1717, foram criticados, Pelo Conde Assumar e companhia, Por ter passado pela Fazenda, E não ter encontrado mordomia.

Não é que os Jesuítas, Não soubessem as visitas honrar, Eram bons e inteligentes, Mas todos viviam a trabalhar, Não sabiam era fazer distinções, A quem os estava a visitar.

Suas louças não eram ricas, Eram comuns e vidradas, De Estanho, Latão ou Cobre, Elas eram fabricadas, E nas visitas e festividades, Elas eram sempre usadas.

Com o tempo os Jesuítas, Adquiriram da China, Um aparelho de Chá e Chocolate, Para eles coisa granfina, E da Índia uma Baixela, Matizada de Ouro Fino.

E assim os Jesuítas, Procuraram se equipar, Para atender visitas ilustres, Quando os fosse visitar, Sem fugirem a seus princípios, Os quais tudo faziam para preservar.

As grandes obras dos Jesuítas, De Engenharia Hidráulica, Para aquela época secular, Era mesmo coisa fantástica, Dando fim as inundações, Com a técnica programática.

Em sua Fazenda os Jesuítas, Deram exemplos de muito amor, No trabalho com a terra, Onde houve muito explendor, Também nos métodos de catequese, E como o grande construtor.

Fonte do texto: "Funcionamento e Bens da Fazenda dos Jesuítas em Santa Cruz". GONÇALVES, José Roque Mareira, Río de Janeiro, 1989. Livro de Literatura de Cordel baseado na obra de FREITAS, Benedicto de. Volumes I e II, Rio de Janeiro, 1985-1987. In Biblioteca do NOPH.

Texto editado e postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Eram os Jesuítas de Santa Cruz "homens à frente do seu tempo"?



Eram os Jesuítas de Santa Cruz "homens à frente do seu tempo"?

Não. Apesar de certa historiografia ter evidenciado com justiça a grande capacidade produtiva jesuítica na América, inclusive em Santa Cruz, fica evidente pela análise documental a adequação dessa produção às necessidades e possibilidades de seu tempo.

Dentre os diversos aspectos que podem ser verificados na administração desses religiosos à frente da Fazenda de Santa Cruz, não foram visualizados avanços técnicos e tecnológicos diferentes daqueles da época.

Principalmente, é notoria a solução tradicional para o problema crônico de escassez de mão-de-obra da Colônia, qual seja, um sofisticado sistema de escravização pura e simples do negro africano que envolvia coerção e negociação, sendo inclusive usado como modelo por administrações posteriores, e a utilização da mão-de-obra indígena, dentre outras formas de trabalho compulsório, elementos totalmentes coerentes com a lógica do Antigo Regime português nestas terras.

Assim, os jesuítas de Santa Cruz, em nossa interpretação, eram "homens de seu tempo"; não, como querem alguns, mais abertos às novidades técnicas. Na verdade, pensamos melhor vê-los como abertos à realidade e às possibilidades produtivas dela.


Fonte: Cf. MENESES, J. N. C. Se perpetue a Companhia nessas partes: materialidade da Fazenda de Santa Cruz no tempo da expulsão dos jesuítas. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, p. 93, editado.

Legenda da Imagem: Vista Lateral da Ponte dos Jesuítas. Disponível em

quarta-feira, 10 de abril de 2019

A Primeira Rebelião de Escravos em Santa Cruz



Em maio de 1796, ocorreu a primeira revolta dos escravos de Santa Cruz de que se tem notícia.

Durante muitos anos, a Fazenda de Santa Cruz foi símbolo do poder dos jesuítas em terras fluminenses, mas tornou-se também marca de uma administração competente e um espaço de conhecimento agrário e hidráulico por parte deles.

No que diz respeito ao controle da extensa escravaria que a Fazenda possuía, a documentação da época dá conta de que, no, tempo da gestão dos padres, os escravos da fazenda viviam sossegados e sob o controle de seus senhores religiosos.

De fato, num levantamento realizado em 1759, realmente não aparecem escravos identificados como fugidos ou ausentes sem explicação.

Mas com o passar do tempo e substituição dos padres por administradores não religiosos, a situação dos escravos mudou bastante.

Foi assim que, em 1796, Manoel Martins do Couto Reis, um de seus mais importantes administradores, deu conta ao rei de que os escravos estavam insubmissos, recusavam-se ao trabalho, fugiam para os matos, roubavam a fazenda e outros senhores locais; haviam se transformado em "insuportáveis pelos seua terrebilíssimos desmandos".

Ainda segundo Couto Reis, depois de passarem meses "vadiando" nas matas, voltavam doentes e apadrinhados ou capturados pelos capitães do mato para "curar moléstias no hospital e acrescentar despesas".

Assim, a solução proposta pelo administrador foi vender os incorrigíveis para bem longe e, com o dinheiro arrecadado, comprar africanos, "trabalhadores mais robustos, mais sujeitos, mais fiéis e capazes de uma doutrina nova".

Contudo a situação não melhorou e, em maio do mesmo ano, os escravos da fazenda se rebelaram.

Para reprimir os revoltosos, o vice-rei Conde de Azambuja, por meio de uma portaria, autorizou a criação de uma milícia para atacar os escravos, com ordem, inclusive, de matar os que resistissem, debelando, assim, a rebelião.

*Obs: palavras entre "aspas" representam o vocabulário e juízo de valor da época. Não representam a opinião do NOPH.

Fonte do texto: AMANTINO, M. & COUTO, R. De "curral dos padres" à gigantesca Fazenda de Santa Cruz. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, p. 39-40, editado.

Legenda e Fonte da Imagem: Revolta Escrava não identificada. Disponível em:
http://ametamorfose1984.blogspot.com/2014/04/rebeliao-escrava-no-brasil-historia-do.html?m=1 , acesso em 10/04/2019

sábado, 6 de abril de 2019

Sepetiba fazia parte da Fazenda Real, a Joia da Capitania



Banhado pela baía de mesmo nome, o bairro de Sepetiba, no extremo oeste do Rio de Janeiro, possui cerca de 40 mil habitantes e um dos piores índices de desenvolvimento social – IDS – do município, segundo o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. O IDS leva em conta o acesso dos moradores a saneamento básico, qualidade habitacional, grau de escolaridade e renda.

Lugar privilegiado pela natureza, de beleza ímpar, separado do Oceano Atlântico pela delgada Restinga da Marambaia, sofre atualmente - tanto pelo aspecto social quanto pelo econômico - com a poluição de suas praias, já que a pesca e o turismo, atividades básicas de sobrevivência local, estão comprometidas.

O bairro possui grande relevância histórica. Estudos de pesquisadores da Uerj e da UFRRJ atestam que há registros pré-históricos de ocupação indígena no litoral da Baía de Sepetiba. Foram encontrados 34 sambaquis, ou seja, depósitos de materiais orgânicos e calcários empilhados ao longo do tempo, que serviam, entre outras finalidades, para identificar o grupo indígena que habitava a região. Os sambaquis continham conchas, lâminas de quartzo, pedras de amolar, machado e fragmentos de ossos.

Os índios tamoios deram nome à localidade ao notarem que havia muito sapê na região, e a chamaram de çape-tyba, ou sítio dos sapês – vegetação nativa. A palavra tupi foi aportuguesada pelos jesuítas, tornando-se Sepetiba.

Companhia de Jesus

No período colonial, Sepetiba fazia parte da gigantesca Fazenda de Santa Cruz, pertencente aos jesuítas e conhecida como a Joia da Capitania. A propriedade, de 1.167 km², estendia-se até Vassouras. Havia pecuária, produção de açúcar, arroz, feijão, mandioca, anil, fumo, algodão, legumes, frutas, cacau e café, entre outros. E também manufaturas: olaria, ferraria, carpintaria, serraria, fábricas de cerâmica, de canoas, de móveis e de artigos de couro, estaleiro, ourivesaria, prateiros, tecelagem, forno de cal, casa de farinha, engenhos. A propriedade ainda possuía hospital, botica (espécie de farmácia), senzalas e armazéns. Ou seja, era um grande centro agrário-fabril, autônomo, cujo excedente de produtos era escoado tanto em direção à corte quanto para outros engenhos próximos.

A porção da fazenda onde hoje se situa o bairro de Sepetiba, junto à faixa litorânea, era dividida em arrendamentos. Em 1729, contava-se 26 arrendatários. Entre eles, os índios, que pagavam a título de foro, anualmente, três galinhas, e os demais foreiros, quatro. Posteriormente, esse valor foi substituído por meia dobra (antiga moeda portuguesa). Deste modo, os jesuítas garantiam o controle da região do porto que havia em frente à Ilha da Madeira.

Do porto da Fazenda de Santa Cruz seguiam víveres para a Companhia de Jesus – 500 bois anuais, verduras, legumes e açúcar –, cujo ancoradouro ficava na Praia Dom Manuel (que não existe mais), no canto da Praça Quinze.

Palácio de veraneio Real

Em 31 de agosto de 1808, o então príncipe regente Dom João, por meio de decreto, subordinou a administração da Fazenda de Santa Cruz à Casa Real. A partir daí, a residência dos jesuítas transformou-se em palácio de veraneio real, houve melhoramentos na estrada que a ligava à Quinta da Boa Vista e foram construídas as pontes de Piraquara, Bangu e Cabuçu.

Ergueram-se três fortes equipados com baterias de canhões para garantir a segurança da família real: o de São Pedro (guardava as praias de Sepetiba e as ilhas da Pescaria e do Tatu), o de São Paulo (praias de Sepetiba e Piahy) e o de São Leopoldo (no Morro de Sepetiba). Nenhum deles sobreviveu ao tempo.

Em 26 de julho de 1813, Dom João VI, novamente por meio de decreto, fez de Sepetiba um povoado, delimitando sua área e doando as terras aos pescadores e lavradores, inicialmente, formando oito sítios. Durante a República, chegaram habitantes de outras localidades para se fixar nas praias da região, em casas rústicas de telhados de sapê. Desde então, a principal atividade econômica do local é a pesca.

Sepetiba hoje

Atualmente, os pescadores precisam se afastar cada vez mais do litoral para garantir o produto, pois as praias do bairro – Sepetiba (2,6 km), do Cardo (pouco mais de 2 km) e de Dona Luiza ou do Recôncavo (1km) – estão poluídas, justamente por estarem localizadas no fundo da baía, a parte mais assoreada. E não é qualquer tipo de sedimento. Segundo estudo de Julio Cesar Wasserman, coordenador da Rede de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da UFF, há elevada concentração de zinco e cádmio, metais pesados, potencialmente maléficos à saúde humana.

A poluição da Baía de Sepetiba está diretamente relacionada com a água dos rios que deságuam nela, como é o caso do Rio Guandu, trazendo em grande escala esgotos sanitários, resíduos sólidos e despejos industriais sem tratamento adequado.

O Movimento Ecomuseu de Sepetiba busca unir a comunidade local para resistir à degradação do bairro frente às dificuldades. Além da poluição, os moradores convivem com poucas linhas de ônibus, que funcionam em horários espaçados. O transporte é feito predominantemente por vans e kombis, que seguem em direção a Santa Cruz, Campo Grande e Bangu.

Em relação a saúde e educação, a Rua José Fernandes é fundamental, pois concentra o pronto-socorro, a Casa de Saúde República da Croácia, o posto de saúde e dois cieps: Deputado Ulysses Guimarães e Ministro Marcos Freire. Saindo dali, o bairro possui também quatro escolas municipais: Nair da Fonseca, Nelson Romero, Felipe Camarão e Júlio Cesário de Melo, além de um colégio estadual: Carlos Arnoldo Abruzzini da Fonseca.

O comércio é formado por padarias, farmácias, minimercados, um único supermercado, algumas academias de ginástica, muitos quiosques e bares. São destaques a Capela de São Pedro, de 1895, o Sepetiba Iate Clube, fundado em 1947, e o coreto de ferro com base de alvenaria da Praça Washington Luiz, tombado desde 1985, que serviu de cenário para a novela O Bem-Amado, de Dias Gomes, local onde o prefeito Odorico Paraguaçu, interpretado por Paulo Gracindo, fazia seus discursos.

Texto de Larissa Altoé

Originalmente postado na página multirio.rj.gov.br

Postado nesta página por Adinalzir Pereira Lamego - Professor e Pesquisador do NOPH

terça-feira, 2 de abril de 2019

Família Escrava e Estabilidade Social em Santa Cruz



A Fazenda de Santa Cruz contou com uma comunidade escrava bem enraizada e baseada em relações de afetividade, amizade e solidariedade bastante fortes. Lá houve famílias preservadas, possibilitando estabilidade àqueles indivíduos.

Apesar disso, os horrores daquela escravidão não devem ter sido tão abrandados: a separação de cônjuges, as instruções para o adequado castigo dos escravizados e o domínio senhorial exercido pelos jesuítas, entre outros aspectos, assim o demonstram.

Seja como for, os padres necessitavam da mão de obra dos escravizados para manter e consolidar seus empreendimentos econômicos, mas, ao que parece, também procuraram cristianizar aqueles indivíduos.

Desse modo, isso se refletiu no alto grau de famílias escravas unidas pelo casamento, o que, consequentemente, levaria a uma escravaria repleta de crianças, muitas socializadas junto de seus pais, avós, irmãos, tios, primos e padrinhos.

Enfim, o que descobrimos é que as famílias foram importantes na formação da comunidade escrava, baseada em relações de parentesco de mesmo sangue e espiritual. Foi possível também conseguir ganhos políticos, sociais e econômicos, visto que muito daquela possível constituição e estabilidade se deveu a uma negociação entre os padres e os escravos.

Fonte do texto: FREIRE, J. Legados da administração jesuítica: comunidade e família entre os cativos da Fazenda de Santa Cruz, século XVIII. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, pp. 213-214, (editado).

Fonte da Imagem: Casamento de Negros de uma casa rica, J. B. Debret, sec. XIX. Disponível em: https://historiahoje.com/a-familia-escrava-trabalho-e-obediencia/
, acesso em 2 ABR 2019.

Texto editado por Elias Alves, Historiador do NOPH
Santa Cruz, Rio de Janeiro - RJ, 02/04/2019

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego