segunda-feira, 25 de março de 2019

A Fazenda de Santa Cruz e o poder político jesuíta


Legenda da Imagem: As terras da Fazenda do Curral dos Padres (século XVII)

Além de ser uma grande fonte de riqueza econômica, as terras de Santa Cruz representavam um espaço político e um poder do símbolo dos padres jesuítas na medida em que eles congregavam nelas e em torno da ordem um número avultado de escravos e índios prontos a defender seus interesses.

Só para ficar num exemplo desse poderio, esse foi o caso das desordens cometidas na região de Campos dos Goitacazes pelos índios aldeados sob a administração dos jesuítas. Em 1667, o abade dos beneditinos reclamava com o rei que havia "diferenças entre eles e os da Companhia".

O motivo das divergências eram as terras situadas no Rio Una e na ponta de Búzios. Cada um dos grupos religiosos acreditava ter direito sobre as mesmas. Tentando fazer prevalecer o seu, os jesuítas ordenaram aos índios que invadissem as terras ocupadas pelos beneditinos. Lá, os índios mataram, segundo o abade, oitocentas cabeças de gado, queimaram uma igreja, derrubaram casas e currais e destruíram roças.

O rei solicitou ao governador Dom Pedro de Mascarenhas que tomasse providências a respeito, pois a "matéria era escandalosa" por envolver religiosos. A solução proposta pelo monarca foi que o governador chamasse os principais dos índios e os admoestasse para que não tornassem a repetir o feito, sob ameaça de castigos. Para os jesuítas ou os beneditinos, não houve qualquer ameaça.

Fonte do texto: AMANTINO, M. & COUTO, R. De "curral dos padres" à gigantesca Fazenda de Santa Cruz. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, p. 25, adaptado.

Fonte da imagem:
João Teixeira de Albernaz, fol. 25 da "Descrição de todo o marítimo da terra de Santa Cruz chamado vulgarmente, o Brasil". Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Portugal.

Texto editado por Elias Alves, Historiador do NOPH
Santa Cruz, Rio de Janeiro - RJ, 25/03/2019.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

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