quinta-feira, 25 de junho de 2020

Live do Ecomuseu de Sepetiba!



Na live desta semana o Ecomuseu de Sepetiba convida a todos para um bate papo com os maiores especialistas na história da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro! 

Entre eles o nosso amigo, escritor da série de livros "O velho Oeste Carioca" André Mansur, o Professor e historiador Guaraci Rosa, o escritor e historiador Adinalzir Pereira e o Professor Doutor Victor Melo que escreveu um belíssimo artigo sobre os clubes esportivos de Sepetiba! 

Vem com a gente aprender e desbravar o nosso Oeste Carioca depois do túnel !

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Passagem de nível em Paciência



Atravessar a linha férrea em Paciência, desde 1998, é prático e seguro, pois existe um viaduto próximo ao centro do bairro. Mas nem sempre foi assim, pois antes da construção a travessia era feita através da passagem de nível existente junto à estação ferroviária de Paciência. Esta passagem funcionou de 1897 até 1978, isto é, 81 anos de existência, e nela diversos acidentes aconteceram.

Em 1978 é inaugurada a nova estação de Paciência, e com isso ocorre o fechamento da passagem de nível (cancela) que ali existia. E, em vez de construir um viaduto, fizeram uma nova passagem de nível, desta vez próximo ao Grêmio de Paciência.

Infelizmente os acidentes continuaram. Não existe um morador antigo da Mata da Paciência que não se lembre de um acidente nessas cancelas. Em 1998, finalmente, surge o viaduto e consequentemente o fim dos desastres. Aliás esse moderno viaduto continua sem nome! A CAMEMPA (Casa da Memória Paciente) sugeriu há DOIS ANOS o nome "Viaduto Mata da Paciência"! Será que terá sucesso?

Por Guaraci Rosa (professor e historiador)

Revisão de texto - Professor Isra Toledo

Foto - Passagem de nível, próxima ao Grêmio de Paciência
Jornal O Fluminense - Data - Outubro de 1978

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Palacete Cultural antes da reforma



Mais uma foto do Palacete Cultural de Santa Cruz antes da reforma.
Foto - Arquivo Geral da Cidade do RJ
Pesquisa - Guaraci Rosa

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O Destacamento de Bombeiros Militar (DBM) de Santa Cruz



O "Destacamento de Bombeiros Militar" (DBM) de Santa Cruz, faz parte da história do bairro de Santa Cruz, vale lembrar que ele é uma subdivisão do "Grupo de Bombeiros Militar" (GBM) de Campo Grande.


A obra teve início no ano de 1943, duas das fotos acima mostram o prédio em construção já em fase final em 1944.


A inauguração aconteceu em 1944/1945 e foi motivo de festa no bairro, pois era uma reivindicação antiga dos moradores.

Pesquisa - Guaraci Rosa
Fonte - A.N

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Trem Automotriz



Linda foto mostrando um trem automotriz em Santa Cruz -RJ
Foto - Arquivo Nacional
Data - Década de 60
Pesquisa - Guaraci Rosa

Santa Cruz -RJ

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terça-feira, 2 de junho de 2020

O caso Manguariba



Na comunidade de Manguariba, no norte de Paciência, fica uma área de grande riqueza histórica e arqueológica. Lá ficam as ruínas do Engenho de Santo Antônio dos Palmares.

O local, nos seus primórdios, fez parte das terras dos índios da etnia tamoio. Depois que os índios foram expulsos e exterminados pelos colonizadores (invasores) portugueses, suas terras passaram a fazer parte do Engenho de Santo Antônio dos Palmares, pertencente à área da Fazenda de Engenho da Mata da Paciência, cujos proprietários eram o capitão-mor português, João Francisco da Silva e Sousa, e sua esposa, Mariana Eugênia Carneiro da Costa.

Na época do Brasil colonial e também na Monarquia, o engenho produzia aguardente, melado e açúcar, cuja produção era escoada por via fluvial, seguindo em direção à localidade hoje conhecida como Sagrado Coração (nas imediações de Manguariba), até chegar aos bairros de Jesuítas, Santa Cruz e Sepetiba.

Na Planta da Imperial Fazenda de Santa Cruz, do ano de 1848 (oito anos apenas após a morte de Mariana Eugênia), podemos ver a área do Engenho de Santo Antônio dos Palmares, em Manguariba, assinalada com precisão. Reproduzimos o mapa logo acima. Observe que há três pontos escuros do lado esquerdo da palavra Engenho, o que indica a existência de três “fogos”, prédios ou construções (podem ser habitações ou estrebarias). Na área da Mata da Paciência, mais abaixo, há cinco pontos escuros, bem colados à Estrada Geral (atual Avenida Cesário de Melo).

Veem-se também, no mapa, com precisão, a Estrada Geral (depois denominada Estrada Real de Santa Cruz), atualmente chamada Avenida Cesário de Melo, e a comunidade de Cantagalo (onde hoje se localiza o Cemitério Jardim da Saudade, na parte sul de Paciência, na estrada Visconde de Sinimbu).
Deve ter sido uma fábrica bastante produtiva, pelas dimensões das ruínas existentes até hoje no local. O canal contíguo às ruínas, atualmente sem utilização prática, era conduzido ao rio Guandumirim e, dali, seguia para o Porto de Sepetiba, de onde, presume-se, levava a carga de açúcar e aguardente para o centro do Rio de Janeiro e outros portos.

Com a chegada da República (em 1889), as terras do engenho tornaram-se foreiras após o ciclo do café. A partir dos anos 1930, até os anos 1960, com a chegada de imigrantes mineiros e portugueses, veio a riqueza dos laranjais.

Depois do ciclo cítrico, foi a época da criação de gado nelore (importado da Índia), e o destaque foi o surgimento da Fazenda Nova Índia, de propriedade de Luiz Carlos de Adriano Franco, admirador das belas artes e também colaborador do NOPH (Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz), além de vários outros sócios criadores de raças nobres bovinas.

A partir da década de 1980, com a decadência do negócio das fazendas de gado, começaram a ser construídos na região vários conjuntos habitacionais. O Conjunto Manguariba foi um deles, de frente para o Jardim Palmares. Hoje, em parte de seu terreno, está sendo implantado o complexo logístico da WT Goodman. A grande rede de supermercados Guanabara ostenta o seu maior depósito de mercadorias no local, às margens da Avenida Brasil. A Lillo do Brasil, multinacional da produção de mamadeiras e produtos infantis, e a indústria de rolamentos e engrenagens, Vesuvius, dominam vastas áreas da região histórica, a menos de um quilômetro das imponentes colunas de pedra do engenho.

Ainda falta descobrir o real significado da palavra Manguariba. Já foram consultados diversos dicionários etimológicos, inclusive da língua Tupi, mas nenhum deles nos apresenta uma definição precisa. Supõe-se, por analogia com outros sufixos de origem Tupi, que Manguariba poderia significar “lugar onde vivem espécies de rãs comestíveis”.

Segundo moradores mais antigos do local, toda a área em que hoje se encontram os conjuntos de Jardim Palmares, Manguariba, Sagrado Coração, Jesuítas e arredores eram “habitats” de várias espécies de rãs nos seus pântanos e terrenos alagadiços. Daí ser possível afirmar que Manguariba seria, de fato, “terra onde vivem rãs”.

Uma foto estampada num antigo número do jornal do NOPH (Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz) mostra um marco delimitador de terras, da época do Império, abandonado em meio ao mato que domina o local próximo às colunas de pedra. Infelizmente já foi retirado do local e não se sabe o seu paradeiro.


Até o ano de 2017, já foram construídas em Manguariba cerca de 6000 casas, com capacidade para alojar cerca de 24000 pessoas. Em 29 de agosto de 1983, começaram a chegar os primeiros moradores. Eram cerca de 90 famílias de funcionários da extinta Telerj, vindas em definitivo para morar no local. Foram os próprios caminhões da antiga companhia telefônica que fizeram o transporte dessas pessoas.

Ainda moravam no local alguns antigos empregados da Fazenda Nova Índia. Próximo à rua 19, morava a Dona Nair. Próximo à Escola Municipal Gandhi, morava o Sr. Manoel. Próximo ao Mercado Azulzinho, morava o Sr. Caduci. Próximo à rua 39, morava o Sr. Roberto.

Na pobre comunidade que crescia, os policiais andavam a cavalo pelas ruas estreitas. O comandante do Posto Policial Comunitário, Sargento Bandeira, era o terror dos desocupados e vagabundos de Manguariba. Com ele não havia diálogo e, quando acionava o camburão, prefixo telefônico 070, quem tivesse sem documento pela rua, ia direto para a “caçapa” (a microcela na parte traseira do veículo policial). Nessa época, o traficante de drogas que aterrorizava a região era o Sérgio “Zoiudo” (e seu bando que se ampliava a cada ano).

Não havia linha de ônibus interna na comunidade. A primeira linha que começou a circular por perto era a 845 (Campo Grande - Manguariba). Porém esse tipo de transporte não entrava totalmente no conjunto. Havia também uma unidade escolar particular denominada “Fada Sininho”. Um posto de saúde começou a funcionar, precariamente, com apenas um consultório, passando mais tarde a ter dez consultórios. No início, havia somente um médico clínico; depois passou a oferecer várias especialidades.

No ano de 1984, a Igreja Católica realizou a sua primeira missa na comunidade, na sede da Associação de Moradores, pois a Capela de Bom Jesus ainda estava em obras. No dia 1.o de dezembro de 1985, foi realizado o primeiro batizado na comunidade. E, na Escola Leila Mell, no ano de 1986, foi realizada a primeira cerimônia de primeira comunhão católica. No ano de 1988, realizou-se a primeira cerimônia de casamento. E só quatro anos depois, em 1992, foi inaugurado o prédio da atual capela de Manguariba.

Várias personalidades artísticas visitaram a comunidade. Entre elas, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Beto Sem Braço (grande sambista, morto em 1993). Muitos moradores ainda se lembram de quando a Fazenda Nova Índia chegou a ser utilizada como cenário de uma novela da Rede Globo de Televisão.


Poucos moradores recordam-se hoje das antigas colunas do Engenho de Santo Antônio dos Palmares. A missão da CAMEMPA (Casa da Memória Paciente) é levar essa história às escolas locais, à guisa de aguçamento da curiosidade local por saber o que teria sido um dos mais modernos engenhos de cana-de-açúcar de toda a província fluminense. Outros moradores se recordam da enorme criação de gado nelore e de uma planta abundante no local chamada manguá, muito usada como correia para açoitar animais e para debulhar cereais, tais como feijão, soja, trigo, aveia etc. Outros se lembram da casa do caseiro da fazenda, onde moravam o Sr. Geraldo, sua esposa Dona Regina e seus filhos Moisés, Sandra e Luciana. Falavam também de um filhote grande de leão que havia no local. Citam também muitas lembranças de quando a Fazenda Nova Índia começou a criar búfalos e cavalos.

Segundo Léu Lima, artista plástico, militar reformado, um antigo morador da Mata da Paciência (atualmente residindo em Cosmos):

"Antes de se tornar um conjunto habitacional, uma parte das terras de Manguariba pertencia ao Sr. Paulo Albino. Capinei muito essas terras. Nos anos 1950 e 1960, o sítio foi dividido em grandes lotes, que eram cultivados pelo método do “terço”. De cada três caixas de frutas e legumes recolhidos, uma era do proprietário das terras. O cultivo era de aipim, batata, jiló, quiabo, guando etc."

O departamento de Arqueologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) visitou as ruínas manguaribenses (e as do centro de Paciência, na Serra da Paciência), a convite da CAMEMPA (Casa da Memória Paciente), no dia 1.o de setembro de 2018. O professor Paulo Roberto Gomes Seda e a professora Gláucia Aparecida Malerba Sene ouviram atentamente todas as informações históricas sobre os dois engenhos de Paciência, anotaram tudo o que foi possível (metragem, distância, altura, índices de GPS etc.) e prometeram iniciar um projeto de iniciação científica e pesquisa em toda a área da Mata da Paciência, o mais breve possível. A CAMEMPA prontificou-se a participar de todo o andamento do projeto, fornecendo todo o apoio necessário ao sucesso da iniciativa acadêmica original.

Fonte: Capítulo 9 do livro "Os dois engenhos de Paciência". Isra Toledo Tov, Adinalzir Lamego, Guaraci Rosa. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Autografia, 2019.

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https://www.autografia.com.br/produto/os-dois-engenhos-de-paciencia/

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A rica história de Santa Cruz



A RICA HISTÓRIA DE SANTA CRUZ
André Luis Mansur

Foi lá pelo início dos anos 2000, quando comecei a fazer minhas pesquisas para o livro “O Velho Oeste Carioca”, que conheci o maior centro de pesquisas históricas da Zona Oeste do Rio de Janeiro, o Noph, Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, bairro que abriga um importante patrimônio da História do Brasil em monumentos tombados ou protegidos pela Apac (Área de Proteção do Ambiente Cultural). Fundado em 3 de agosto de 1983, o Noph funcionou, no início, em salas na matriz de Nossa Senhora da Conceição, no centro do bairro, mas já há muitos anos está no Centro Cultural Antônio Nicolau Jorge, dentro do imponente Palacete Princesa Isabel.

O palacete foi a sede do Matadouro de Santa Cruz, inaugurado em 30 de dezembro de 1881, com a presença do imperador D. Pedro II. Depois teria outras funções, como o Colégio Princesa Isabel, e sofreria um incêndio em 1985, quando perdeu parte da estrutura original e muitos documentos. Após uma longa reforma, ele abriga a biblioteca do Noph, a biblioteca de Santa Cruz, exposições permanentes, aulas de música e vários espaços para eventos. O principal objetivo do Noph, que é uma associação civil sem fins lucrativos, como está em seus estatutos, é estimular a pesquisa sobre a História de Santa Cruz e da zona oeste do Rio, além de promover eventos culturais em seu espaço.

No Palacete funciona também o Ecomuseu de Santa Cruz, vinculado ao Noph e surgido na década de 90. Nomeado Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro, seu objetivo, como de todo Ecomuseu, é estimular a comunidade a desenvolver o território que habita, valorizando o seu patrimônio. O Noph mantém uma publicação, o jornal O Quarteirão, que já teve mais de 120 edições e é distribuído no palacete.

O nome quarteirão se refere ao espaço do bairro que abriga alguns dos seus principais monumentos históricos, como o palacete, o próprio matadouro e sua estação de trem (ambos em situação precária), o Hangar do Zeppelin, único do mundo ainda de pé e que abrigava os dirigíveis na década de 30, o marco 11, um dos marcos imperiais, de 1826, e também o Quartel Vilagrán Cabrita, de Engenharia Militar, antiga sede da Fazenda dos Jesuítas, que seria adaptada para se transformar no palácio de verão de D. João e, mais tarde, dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II. Temos também a Casa do Sal, o Espaço Ser Cidadão (antiga residência do senador Júlio Cesário de Melo) e, mais distante do centro, a Ponte dos Jesuítas, de 1752, um dos principais monumentos da arquitetura colonial do Rio de Janeiro. Além disso, como foi dito no início, diversos imóveis do bairro estão protegidos pela Apac por sua importância histórica.

A instituição teve, entre seus fundadores, o já citado Antônio Nicolau Jorge, e os professores Sinvaldo Souza e Adinalzir Pereira Lamego, e tem como coordenador-geral Bruno Cruz. Antes, quem esteve à frente do Noph nos últimos anos foram Walter Priosti e sua esposa, Odalice, falecida em 2017. Já participei de vários eventos e fiz muitas pesquisas no Noph, que conta com diversos colaboradores trabalhando de forma voluntária na sua organização, na realização de pesquisas, cerimônias etc. O Palacete Princesa Isabel, com sua imponente arquitetura neoclássica, fica na Rua das Palmeiras Imperiais, s/nº, e seu renascimento, após o incêndio que quase o destruiu, não deixa de ser uma esperança para os que acreditam em algum tipo de recuperação, mesmo com a perda de seu precioso acervo, do Museu Nacional.

André Luís Mansur é escritor e jornalista
Foto - Márcio Pinto

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Exposição Étnico-Racial das Escolas Municipais


 





Exposição étnico racial que busca valorizar o trabalho do professor e do aluno dentro da temática que ocorre anualmente no Centro Educacional de Itaguaí (no Engenho). Não deixem de visitar. A exposição é gratuíta e aberta ao público. No dia 26//11/19, o NOPH se fez presente esteve presente através da sua Coordenadoria de Assuntos Educativos.  

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Não deixem de comparecer!



Ter Consciência. Fazer Consciência. Agir com Consciência. Ser Consciência.

Falando-se de consciência negra, todos nós sempre tomamos conhecimento e nos sensibilizamos com a história do negro, sua escravização, sua marginalização nas oportunidades, no tratamento, o que reafirma o estereótipo do negro escravizado, ou seja não tomamos consciência de realizar mudanças trazendo à tona uma valorização do legado histórico, cultural, gastronômico, agrícola, religioso e do vasto vocabulário integrado à linguagem indígena e europeia formam o nosso linguajar brasileiro, reconhecendo o grande legado que veio com o povo negro para o Brasil.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Virada Sustentável - Redescobrindo o Palacete Princesa Isabel



Apresentaremos ao visitante as histórias do Palacete Princesa Isabel percorrendo seus jardins históricos e as instalações do edifício que também abriga o NOPH - Ecomuseu  e exposições sobre a história do bairro de Santa Cruz, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

https://www.viradasustentavel.org.br/atracao/redescobrindo-o-palacete-princesa-isabel
Veja a programação no site: www.viradasustentavel.org.br

Lei de Incentivo à Cultura. Realização: Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania, Governo Federal - Pátria Amada Brasil.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A Escravidão em Santa Cruz: por um olhar a contrapelo¹

Elias Alves dos Santos²


Historiar a Escravidão do ponto de vista “de baixo”(3) é muito difícil. Normalmente os agentes subalternizados aparecem a reboque das classes dirigentes e não produzem fontes escritas. Assim, fazer a história da Escravidão é algo que requer muito cuidado, muita sensibilidade para ler as fontes e documentos nas entrelinhas e de forma diferente do que elas propõem. Ou seja, exige muita criticidade por parte do Historiador(4).

Infelizmente, nos parece que poucos Historiadores da escravidão em Santa Cruz tiveram esse olhar crítico até hoje. A maior parte das pesquisas sobre o escravo de Santa Cruz ficou restrita ao ponto de vista das elites, mesmo quando seu objetivo era compreender a escravidão em si e valorizar a experiência do cativo. Conforme assinalou a Historiadora Manoela Pedrosa, falando dos subalternos de uma forma geral, essas abordagens variaram desde a reprodução pura e simples da narrativa do senhor (seja o jesuíta ou os posteriores), até uma análise tímida da autonomia e das ações dos de baixo. Segundo ela, chama a atenção:

“que trabalhos bastante atuais, forjados no seio de cursos de graduação e pós-graduação em história sérios e com credibilidade, possam ainda escorregar na utilização das tantas versões e memórias sobre a Fazenda como se fossem dados, ou fontes primárias neutras, ou seja, como se falassem do passado “como ele realmente aconteceu”. Esta nos parece uma quimera positivista já há muito superada(5).

Contudo, isso está longe da função do Historiador, pois a primeira coisa que esse deve fazer é lidar com as versões existentes sobre o que foi o caso no passado(6). E para isso, ele não pode simplesmente reproduzir visões parciais sem evidenciação científica(7) e leitura crítica(8). Se fizer isso não estará fazendo nada mais que “estar a serviço de ideólogos”(9).

Quando se fala da História de Santa Cruz, o nome que vem a mente é o do Historiador Benedicto de Freitas. Trata-se de um Historiador profícuo, com uma preocupação metódica no trato com as fontes e sua autenticidade(10). Sendo essa sua maior qualidade enquanto pesquisador de História.

Contudo, mesmo vivendo sob o signo de transformações no campo da História que se realizavam desde pelo menos meados do século XX(11), Freitas fará uma opção por uma história acrítica, baseada no que diz a fonte escrita, no documento oficial, esses por sua vez uma representação parcial do que foi o caso no passado. O resultado é, como ele diz, uma História que foge “à regra dos Historiadores ‘não raro parciais, sensíveis à influência da moda e às imposições da crítica social do seu tempo’”(12). Ou seja, trata-se de uma história pretensamente neutra, afastada das paixões correntes e que reproduz o louvor de agentes que fizeram muito para a construção histórica da dominação social de poucos sobre muitos no Brasil.

Em outras palavras, seu louvor ao jesuíta e seu partidarismo em relação aos estratos mais elevados da sociedade, além de reproduzir as preferências dessas elites, as “embranquece” e contribui para o falseamento do processo histórico iniciado por elas. Desse modo, inconscientemente ou não, sua densa obra servirá para a reprodução de uma mitologia histórica sobre os agentes sociais ao longo da História da Fazenda de Santa Cruz. 

Falando mais especificamente sobre o Escravo daquela Fazenda, ele realizará várias operações intelectuais que vão contra o papel do Historiador crítico na sociedade. Entre as quais, endossará a narrativa oficial sobre os escravizados, inclusive a visão de que o negro deve ser paciente, não agente, sendo ingratos, rebeldes, “espertos” ou oportunistas os que não fossem assim; manterá uma visão racialista, racista e eugenista do negro; reproduzirá a tese das elites da decadência no interregno pós-expulsão dos jesuítas; entre outros problemas.

Ao fazer isso, ele e a historiografia, inclusive acadêmica que lhe é posterior, incorrerão em olhar a história sobre o viés das elites. Conforme bem pontuou Pedrosa, para essa elite dirigente, por exemplo, certamente houve um período de crise e decadência após a expulsão dos jesuítas, mas, do ponto de vista dos de baixo, entre os quais os escravizados, isso significou mais autonomia no trato com suas vidas(13).

Desse modo, aprisionados a versão oficial dos fatos, muitos historiadores ainda insistem, mesmo atualmente, em reproduzir mitonarrativas, histórias parciais. Portanto, uma história a contrapelo é urgente e necessária.

Dentre as várias afirmações de Freitas que comprovam o que dissemos acima, vejamos o seguinte trecho do capítulo sobre a escravidão presente em seu livro:

Famosa a escravaria da Fazenda de Santa Cruz, constituída de uma multidão de homens, mulheres e crianças disciplinados e obedientes ao menor sinal dos padres, que os criaram e educaram no sistema de suas missões. Tão humildes seres, cujos irmãos em outros lugares seriam os desventurados párias, com sofrimentos que formaram as páginas mais tristes de nossa história, aqui reconhecidos ao tratamento recebido de seus protetores (e não senhores), tornaram-se elos de uma dedicação e lealdade à toda a prova, jamais posta em dúvida pelos padres, ante suas manifestações de respeito e total estima.

Não sendo rigidamente escravos devido ao regime estabelecido na Fazenda, onde até a concessão de privilégios aos cabeças de casal constituía caso único na história escravocrata do Brasil, apenas a obediência e a disciplina os prendiam aos seus dirigentes, que benevolamente os denominavam “servos”. Debret denomina os serviçais dos jesuítas de vassalos, interpretação considerada bastante feliz por Sérgio Millet. E também se afirma, em outros colégios dos padres, denominados “administrados”. Sabidamente jamais os consideravam escravos.(14) 

Conforme está evidente, aqui temos a visão oficial, jesuítica a respeito dos escravizados sendo reproduzida acriticamente: sobretudo a negação da escravidão na região. Mas há problemas, pois essa visão idílica não sobrevive nem mesmo à análise do próprio autor. Isso porque as contradições do sistema escravista ficam logo evidentes nas fontes que narram os castigos e as disciplinas. Então surge a questão: como pode ser isso que num sistema de administração escravista tão bom, haja escravos rebeldes?

A resposta é que só por um terrível motivo haveria escravos fugitivos daqui: ou a) a indução “por maus conselheiros, medo de castigo ou repúdio a disciplina inflexível” (...) ou b) a ilusão de “ociosidade e ausência de autoridade” que dava ao fugitivo “a aparência de melhor vida”(15).

Mesmo assim, apesar dessas exceções à regra, “continuaram eles a nutrir por seus senhores verdadeira adoração, retribuição justa ao modus vivendi da Fazenda, considerada o paraíso do tempo”(16).

E continuará reproduzindo o ponto de vista das elites dirigentes no segundo volume de sua trilogia ao afirmar que após a saída dos Jesuítas “a insubordinação tornava-se crescente entre os escravos, recusando-se acintosamente aos serviços de rotina”(17)

E com pressupostos ideológicos de elite implícitos segue:

“Após tão tumultuada fase, a Fazenda experimentou dias prósperos, onde o trabalho e a disciplina, guiados pela moralidade, foram o apanágio de uma administração fecunda e construtora”(18).

Mais ainda, para Freitas, ecoando o discurso das elites, os escravos entregues à própria sorte levariam ao caos e a anomia, à sua própria perversão(19).

Vermos então que estamos diante de uma historiografia que fez muito em termos de pesquisa documental visando buscar a verdade do que foi o caso no passado e parece ter seguido de perto o modelo positivo de Ranke. Mas ela também esteve longe de fugir da parcialidade, reproduzindo a mitologia e os pressupostos ideológicos dos agentes do poder, cometendo assim a mesma ilusão de neutralidade dos historiadores metódicos. Ou seja, assim como a História dita “positivista”, é uma historiografia que, apesar da pretensa neutralidade, possui uma datação, um enraizamento social e, portanto, um viés de classe bem localizáveis(20).

Por tudo isso, é necessária uma releitura a contrapelo(21) da escravidão em Santa Cruz. Uma leitura que enfatize o protagonismo dos negros escravizados, esses agentes sociais que contribuíram muito para a História e são ainda hoje retratados como sujeitos passivos do processo por uma historiografia que ainda se toma como referência inconteste para se falar da História de Santa Cruz.

Na verdade, para muito além da questão ideológica de resgate e valorização da agência histórica dos “de baixo”, sempre esquecidos por uma história escrita pelos vencedores, não entender esses agentes em si e em seus relacionamentos com outros agentes sociais nos impede de, no limite, compreender a História do Brasil(22).

O fato é que, diferentemente do que foi produzido pelas elites e reproduzido pela Historiografia tradicional em relação ao caráter escravista benevolente da fazenda de Santa Cruz, os escravos aqui foram submetidos a duras condições de dominação social e cultural – inclusive ao risco de prisão e ostracismo. Conforme Engemann pontuou, as benesses dadas aos escravos escondiam seu lado opressor pois

“(...) trazia um ‘quê’ de ameaça. Quanto mais os cativos tinham e, mais do que isso, quanto mais julgavam ter, mais doloroso seria perder tal tratamento. Pode ser que, nas mãos dos padres e administradores, a venda, o ostracismo por definição, fosse o açoite mais temido pelos negros da Santa Cruz. Aparentemente bem tratados – como de fato, em certo sentido, eram –, tinham suas famílias, seus lações sociais, suas terras ou seu gado, sua casa, enfim. Coisas demais a perder(23).”

   Apesar disso, sabemos que felizmente não se quedaram conformados, lutaram por direitos em um contexto de possível perda desses(24) e pela manutenção de um status diferenciado em relação aos escravos de outros lugares, manipulando um bem simbólico importante, o fato de serem “servos de Santo Inácio” quando seus direitos eram ameaçados(25).

Sabemos também que esses agentes históricos produziram uma sociabilidade complexa, o que explica a estabilidade social relativa que aquela organização social experimentou ao longo de séculos(26). O modelo de escravidão daqui – calcado no equilíbrio entre violência e concessões, com ênfase no segundo – inspiraria o modelo senhorial escravista imperial(27).

Ou seja, esses escravizados conquistariam e manteriam diversos direitos – de propriedade de casas e roçados, de acumulação de pecúlio, de maior tempo livre, de melhor tratamento, de criação de alguns animais, de parentela, entre outros – até o momento da ofensiva em meados do século XIX e perda definitiva destes com sua expulsão da Fazenda em 1891(28). 

O processo de abolição em Santa Cruz que inicia-se com a Lei do Ventre Livre (1871) termina com a violência da expulsão dos escravizados de suas casas em fins do século XIX. A Historiografia especializada ainda tem problemas em localizar os recém-libertos, pois eles simplesmente desaparecem dos registros civis da época, demonstrando o descaso e, possivelmente, a estratégia das elites, agora republicanas, de promover a invisibilização dessa população.

Assim, conforme conclusão do Historiador João Correa:

“Percebe-se que os libertos somem dos registros oficiais, nos quais se torna muito difícil encontrar indícios deles e como eles buscaram formas de sobrevivência para esta nova fase de suas vidas. 
(...) 
Vale apontar que os libertos de Santa Cruz ficaram à mercê da sociedade da época, ficaram sem terras, emprego, moradia, sofrendo retaliações pela administração da Fazenda, concorrência na procura de um emprego e principalmente a expansão urbana que Santa Cruz estava sofrendo, não dando espaço para os libertos permanecerem no local que suas gerações viveram por mais de 300 anos”(29).

Desse modo, nota-se então que a sorte dos negros de Santa Cruz não foi muito diversa dos demais libertos brasileiros, como podemos perceber comparando a citação anterior com um trecho do livro do cientista político José Murilo de Carvalho sobre o longo caminho da cidadania no Brasil e outro do Historiador Renato Lemos sobre a alvorada da Primeira República:

“No Brasil, aos libertos não foram dadas nem escolas, nem terras, nem empregos. Passada a euforia da libertação, muitos ex-escravos regressaram a suas fazendas, ou a fazendas vizinhas, para retomar o trabalho por baixos salários. [Alguns ex-escravos] dirigiam-se às cidades (...) onde foram engrossar a população sem emprego fixo. Onde havia dinamismo econômico provocado pela expansão do café, como em São Paulo, os novos empregos, tanto na agricultura como na indústria, foram ocupados pelos milhares de imigrantes italianos que o governo atraía para o país. Lá os ex-escravos foram relegados aos trabalhos mais brutos e mais mal pagos”(30).

“[Com a ascensão da Primeira República], os primeiros governos estaduais, preocupados com a mobilidade “exagerada” da mão de obra e com o ócio, adotaram medidas para impedir o deslocamento espacial dos trabalhadores e reprimir a “vadiagem”, constrangendo os desocupados ao trabalho. Os libertos sofreriam, ainda, outras manifestações dos limites da democracia republicana brasileira. Foram, por exemplo, alijados do exercício da cidadania pela Constituição de 1891, que negou o direito de voto aos analfabetos, contingente no qual os ex-escravos se destacavam quantitativamente”(31).

Assim, concluo dizendo que por isso tudo é necessário que haja um olhar “a contrapelo” da História da Escravidão na Fazenda de Santa Cruz. A fim de que os estigmas a que essas populações cativas foram submetidas não sejam reproduzidos nem pelo discurso historiográfico – que nesse caso estaria negando sua vocação à compreensão, à verdade e à construção de uma sociedade mais justa e igualitária – nem pelos instrumentos de poder disponíveis às elites.

Notas:

1 Texto apresentado oralmente no Centro de Estudos de Pesquisas Acadêmicas realizado no NOPH no dia 31/08/2019. 
2 Graduado em História pela Universidade Federal de São João del- Rei (UFSJ - MG) e Pós-Graduado em Música e Artes pela Faculdade de Venda Nova do Imigrante  (FAVENI – ES), com foco em etnomusicologia da Capoeira. E-mail: eliassmu36@yahoo.com.br
3 Para o conceito de “História vista de baixo” ver HOBSBAWM, E. History from below. In: On History. New York (USA): The NY Press, 1997, pp. 201-216 e o verbete “história desde abaixo” em TOSH, J. A busca da História: objetivos, métodos e tendências do estudo da história moderna. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2011, p. 81.
4 Ronaldo Vainfas mostra, por exemplo, que uma das dificuldades ao analisar a transgressão sexual na Colônia é o fato dos relatos inquisitoriais se tratarem de versões distorcidas da realidade, normalmente na ótica do agente da ortodoxia religiosa. Ver VAINFAS, R. Moralidades Brasílicas. In: NOVAES, F. (Dir.). História da vida privada, vol. 1: Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa. São Paulo – SP: Cia das Letras, 1997 1 e Marc Bloch mostrou como o historiador aprendeu a contornar o registro deliberado, interrogando-o “ao contrário”. Ver BLOCH, M. Apologia da História (ou o Ofício do Historiador). Rio de Janeiro – RJ: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 46. Mais especificamente em relação à História da escravidão em Santa Cruz, essas dificuldades foram introduzidas por ENGEMANN, C. De escravos dos padres a escravos do rei: a transição da administração da Fazenda de Santa Cruz e seu impacto na população e nas práticas sociais dos escravos (1759-1820). In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013, p. 219. 
5 Manoela Pedrosa refere-se ao período entendido pela historiografia como de “decadência” da Fazenda de Santa Cruz, sobretudo no período após a expulsão dos padres em 1759, mas acreditamos que essa afirmação sobre a historiografia que a autora faz pode ser generalizada para análises feitas de outros períodos da História local. Ver PEDROSA, M. da S. Capítulos para uma história social da propriedade da terra na América Portuguesa e Brasil. O caso dos aforamentos na Fazenda de Santa Cruz (Capitania do Rio de Janeiro, 1600-1870). Niterói – RJ: PPGHS/UFF. Tese de Doutorado em História, 2018, p. 546.
6 Ver por exemplo a diferenciação entre Memória e História que Nora propõe. NORA, P. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. Revista Projeto História, São Paulo – SP, (10), dez. 1993, disponível em https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/12101/8763, acesso em 27/08/2019.
7 RÜSEN, Jorn. Razão Histórica – Teoria da História I: Os fundamentos da ciência histórica. Brasília – DF, Editora UNB: 2010, p. 99.
8 TOSH, op. cit., pp. 35-36.
9 HOBSBAWM, op. cit., p. 26.
10 FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real, imperial, vol. I: Era Jesuítica (1567-1759). Rio de Janeiro: Edições do Autor, 1985, p. 20-21.
11 Refiro-me aqui àquelas introduzidas não somente pelos Annales, mas por outras vertentes historiográficas, sobretudo anglófonas. Ver HOBSBAWM, op. cit., p. 69 e REIS, J. C. O programa (paradigma?) dos Annales face aos eventos da História. In: A História entre a filosofia e a ciência. Belo Horizonte – MG: Editoria Autêntica, 2004, pp. 73-111.
12 FREITAS, op. cit., p. 21.
13 PEDROSA (2018), op. cit., 548. 
14 FREITAS, op. cit., vol. I, p. 173.
15 FREITAS, op. cit., vol. 1, p. 187.
16 idem, p. 189.
17 FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real, imperial. Vol. II: vice-reis e reinado (1759-1821). Rio de Janeiro: Edições do Autor, 1986, p. 13; grifo meu.
18 Idem, p. 19, grifos meus.
19 Ibidem, p. 248.
20 REIS, J. C. A Escola Metódica, dita “positivista”. In: op. cit., pp. 35-38.
21 Utilizamos aqui o conceito tal como entendeu W. Benjamim de um olhar a história “em sentido contrário, ‘às avessas’ (...), buscar a contranarrativa dos vencidos”, brilhantemente sintetizado por Juliana Meato. Ver MEATO, J. A. Ensinando a História a Contrapelo: reflexões benjaminianas. PDF, s.d. e s.ed., disponível em http://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/encontros/article/view/2019, acesso em 12/09/2019, p. 4.
22 FRAGOSO, J. Pra que serve a História Econômica? Notas sobre a exclusão social no Brasil. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro – RJ, 2002. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2157, acesso em 27/08/2019.
23 ENGEMANN, C. op. cit. (2013), pp. 218 e 222-223. Sobre essa violência social e simbólico-cultural aos escravos de Santa Cruz ver também ENGEMANN, C. De laços e de nós. Rio de Janeiro – RJ: Editora Ateliê, 2007, p. 66 e FREIRE, J. Legados da administração jesuítica: comunidade e família entre os cativos da Fazenda de Santa Cruz, século XVIII. In: ENGEMANN, C. & AMANTINO, M., op. cit., pp. 213-214.
24 Sobre a Primeira Revolta escrava em Santa Cruz de que se tem notícia, ocorrida em 1796, ver AMANTINO, M. & COUTO, R. De “curral dos padres” à gigantesca Fazenda de Santa Cruz. In: ENGEMANN E AMANTINO, op. cit,, pp. 39-40.
25 ENGEMANN (2013), op. cit., p. 222.
26 FREIRE, J. op. cit., pp. 213-214.
27 Conforme Engemann (2013): “O governo monárquico, presa das aparências da civilidade, contrastantes com a realidade escravista do país, procurou refúgio no modelo quase mítico de tratamento dos cativos desenvolvido pelos jesuítas; tratamento esse que, além das aparentes benesses, trazia em seu seio um “quê” de ameaça (...), op. cit., p. 218.
28 PEDROZA, Manoela e TAVARES, Juliana. Roceiros do Imperador: direitos, alianças e redes
sociais entre famílias escravas na crise do escravismo (Fazenda de Santa Cruz, 1858-1871). In: AMANTINO E ENGEMMAN (orgs), op. cit., pp. 241-272.
29 CORREA, João. A Aboliçao da Escravidão em Santa Cruz, disponível em: https://nophecomuseu.blogspot.com/2019/05/a-abolicao-da-escravidao-em-santa-cruz.html, acesso em 27/08/2019.
30 CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro – RJ: Civilização Brasileira, 2001, pp. 57-58.
31 LEMOS, R. A alternativa republicana e o fim da monarquia. In: Salles, R. e Grinberg, K. (orgs.). O Brasil Imperial, vol. III (1870-1889). Rio de Janeiro – RJ: Civilização Brasileira, 2014, p. 437.

Legenda da Imagem: Interior de casa de negros, de Joaquim Cândido Guillobel, c. 1812, disponível em: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/familias-escravas-no-brasil/ ,  acesso em 13/09/2019.

Referências Bibliográficas:

BLOCH, M. Apologia da História (ou o Ofício do Historiador). Rio de Janeiro – RJ: Jorge Zahar Editor, 1997.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro – RJ: Civilização Brasileira, 2001.
CORREA, João. A Aboliçao da Escravidão em Santa Cruz, disponível em: https://nophecomuseu.blogspot.com/2019/05/a-abolicao-da-escravidao-em-santa-cruz.html, acesso em 27/08/2019.
ENGEMANN, C. & AMANTINO, M. Santa Cruz: de legado dos jesuítas a pérola da Coroa. Rio de Janeiro - RJ: EDUERJ, 2013. 
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__________________. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real, imperial. Vol. II: vice-reis e reinado (1759-1821). Rio de Janeiro: Edições do Autor, 1986.
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domingo, 18 de agosto de 2019

Comemoração do Dia do Patrimônio Histórico!


Nós do NOPH ficamos muito honrados por ter em nossa comemoração no dia do Patrimônio Histórico (17/08/2019) a excelente palestra do Arqueólogo e Historiador Cláudio Prado de Mello, Diretor Geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - INEPAC. Foi uma data histórica que ficará para sempre registrada nos nossos arquivos.

Na ocasião foi apresentado os trabalhos desenvolvidos pelo Cláudio na nossa região destacando os trabalhos em Sepetiba e Santa Cruz. O tom do evento foi de juntar forças e esforços para os que verdadeiramente querem fazer algo pelo patrimônio cultural encontrem apoio para execução de suas ações.

E nesse espírito foi apresentado uma nova forma de atuação da sociedade civil nos processos de tombamento pelo INEPAC, baseado numa maior participação da sociedade civil, onde será criada uma comissão para avaliar os bens culturais da região que poderão ser tombados pelo INEPAC.

Sabemos que trabalho não falta. E que não falte a essa comissão que se formará espírito de equipe, pois o objetivo maior e o que nos une nessas causas é a educação, a difusão e a preservação desses patrimônios. Havendo respeito, empatia e cuidado entre todos os membros da comissão não haverá outro resultado senão o sucesso!

Parabéns ao Cláudio Prado de Melo por nos brindar em primeira mão sobre essas inovações no INEPAC. Nossa eterna gratidão!